Fui tao alto dessa vez que pude sentir o toque das nuvens em meu rosto, senti um calor intenso, um vento quente, delicioso. Poderia ficar la para sempre! Depois de tantas tentativas eu merecia um ponto, eu merecia uma conquista. Depois de tantos tombos...
E quando eu tava la no alto, a ponto de ultrapassar a camada de Ozonio, uma voz veio la de cima e me lembrou que assim como Icaro minhas asas tambem eram de cera. E cera ao calor derrete!
Me vi derretendo, senti o suor, o odor forte saindo de meu corpo. Minhas asas comecaram a quebrar, comecaram a diminuir, a sumir..e de la eu cai.
Permaneci caindo meses e meses, talvez anos. E quando toquei no chao eu percebi que todo o trabalho estava perdido, e eu teria que comecar tudo de novo pra voltar a voar.
E eu chorei, talvez rios ou oceanos, eu chorei ate nao poder mais, ate perceber que o que estava saindo de meus olhos era sangue, nao mais agua.
Levantei-me, olhei-me no espelho e prometi tentar de novo, conquistar o que todo mundo sonha, chegar ao topo. Recomecei a construir minhas novas asas, nao de cera dessa vez, um material mais forte, mais escuro. E antes que eu pudesse termina-las veio uma voz de novo, a mesma do principio, me lembrar do fracasso que foi minhas asas de cera. E eu me quedei pensando se valeria a pena tentar de novo...
Ainda me pergunto isso, enquanto minhas novas asas estao guardadas no armario, enquanto nao estou perto o suficiente do fechamento. Me pergunto de vale a pena repetir a mesma falha, com a mesma cera...
E o sol continua tao distante...
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