quinta-feira, 6 de maio de 2010

Contos da 00h00 de sexta

Letícia não queria sair naquele dia, estava apreensiva. Sentia que deveria deixar passar, não precisava se apressar. Mas alguma coisa dentro dela dizia que não se arrependeria, apesar de ficar com aquele sentimento estranho. O telefone tocou:

- Lê, tudo bom?
- Oi Ci, diga lá..
- Meu, você vai sair com ele mesmo?
- Então, acho que sim...
- Cuidado Lê, não vai muito longe..
- Ai Cibele, você parece minha mãe falando..me deixa!

E desligou sem mais delongas. Foi tomar seu banho, sem pressa. Esfregou cada parte do corpo como se fosse íntimo, passou óleo de amêndoas e secou o cabelo. Jogou todo para frente, assim quando a olhasse de frente teria a impressão de estar olhando uma mulher fatal. Passou mousse para moldar as pontas, passou perfume e foi até o armário.

Pegou seu vestido mais novo, um azul turquesa de saia até metade das coxas. Não era vulgar, mas era totalmente sexy. Colocou a calcinha e o sutiã que combinavam, de renda, e perfumou-se. Esperou seus pais dormirem para sair de casa, saiu pelas portas do fundo...

Já na rua estava o moço que ela tanto pensava. Estava vestido despreocupadamente, uma calça jeans, uma camisa branca jogada, uma corrente de prata discreta. Estava encostado no carro que não era nem novo, nem velho, apenas popular, de cor azul escura. Cumprimentou-a com um beijo no rosto e um abraço com um pouco mais de pressão, sentiu o cheiro ludibriante do perfume da garota e suspirou:

- Meu Deus, que delícia seu perfume.
- Que bom que gostou..
- Aliás, você está linda!

Arroxeou-se e percebeu que tinha tomado a decisão correta. Entraram no carro e saíram pela rua. Nem bem correram uns 10 km e as mãos do moço já estavam inquietas. Queriam tocar a perna de Letícia, mas não sabiam por onde começar. A garota percebeu o movimento e fingiu não se importar, na verdade não se importava, podia sentir a eletricidade saindo do corpo dela, atraindo aquela mão. Aconchegou-se no banco para ficar mais fácil da mão dele tocar sua pele. E aí ele tocou.

O silêncio era tangível, palpável, assim como o calor que corria nos corpos dos dois. As mãos começaram a se movimentar, para cima e para baixo, enquanto a garota simplesmente levava as mãos à boca para esconder seus suspiros. O moço achou aquilo tudo excitante demais, resolveu ir mais fundo, e assim encostou o seu dedo indicador na calcinha de renda dela. Ela tentou se esquivar, tentou, mas não com muita vontade, até que decidiu respirar fundo e deixar aquela mão ali.

O carro que estava em uma velocidade constante começou a diminuir, o garoto não sabia se continuava olhando pra pista ou se parava para colocar seus braços em volta da garota, por inteira. Decidiu pela segunda opção, parou o carro na próxima rua da direita e olhou nos olhos de Letícia:

- Fica calma, não vou te machucar!
- Eu sei, (suspiro), mas é que é tudo novo pra mim...
- Deixa que eu te guio então, sem medo..
- Hunf..
- Quando você quiser eu paro.

E a beijou na boca, com delicadeza, esfregando primeiro os lábios, depois a língua. A respiração da garota ficou ofegante, já não conseguia mais pensar, fechou os olhos. E sentiu, os dedos do moço em sua parte mais íntima, deixou que a descobrisse, assim, sem mais nem menos. A pressão não a machucava, mas a assustava. Não conseguia entender o que estava sentindo, sabia apenas que era bom. Em poucos instantes começou a sentir uma corrente pelo corpo, que começou dos ombros, ao peito, à barriga, as pernas.... e estourou!

Tapou a boca com as mãos para que não lhe saíssem gritos, mas ao mesmo tempo queria gritar, e muito. Sentia que precisava daquilo, da gritaria e euforia, precisava se libertar, explodir. Tudo que tinha visto em filmes e novelas ficou pra trás, como inutilidades da vida. Tirou a mão da boca, ofegou, suspirou no rosto do menino, despedaçou-se em sua mão. E então começou a chorar...

Chorou tanto que o garoto não teve reação, deu partida no carro e voltou. Enquanto a menina soluçava baixinho, o moço tentava entender o que é que tinha acontecido. Ele tinha feito tudo direitinho, não tinha forçado, não tinha errado o ponto...

Deixou Letícia na porta de sua casa!

A garota saiu do carro sem se despedir, sem olhar no menino, apenas limpando as lágrimas. Quando o carro saiu da sua visão começou a rir... Ria sem parar, ria porque não conseguia se controlar.. Fechou os olhos...

Pensou no menino, nas mãos, no perfume, na voz, nas palavras...Pensou amar o garoto. Falou baixo para si "Eu amo você, nunca me senti assim, eu amo você"...
Nunca mais se viram, ou se falaram. O garoto simplesmente desapareceu, ficou assutado.

Anos mais tarde Letícia descobriu o verdadeiro amor que sentia. Não era pelo menino, não era por meninos nem por meninas. Era simples e puro gozo.

O primeiro prazer nunca foi superado!

Semana dura, de saudade!

Semana dura essa. Errei no trabalho, fiquei doente, sofri consequências, briguei com chefe, fiz as pazes, fiquei dois dias em casa e a faculdade está caindo nas costas... Semana dura!

Mas consegui um feito inédito em minha vida. Completei 1 ano na mesma empresa, e isso me deixa muito orgulhosa. Geralmente eu mudo de emprego quando vejo que não vou pra frente, e ando pensando muito nisso ultimamente, mas só de conseguir completar 1 ano no mesmo lugar já me enche de alegria.

Claro, não sou nada além de uma estagiária, sem muitas chances de efetivação e sem chance nenhuma de crescer aqui dentro, mas completei um ano, uma boda de algodão.

E também completei dois anos da minha primeira pisada em solo americano. No dia 04/05 eu saí de Guarulhos, dia 05/05 eu pisei em Miami e New Jersey, dia 08/05 em Chicago e dia 09/05 foi aniversário de Adolfinho, meu querido garotinho pimpão. Sinto tantas saudades dele, essa semana ele faz 13 anos!!! Como será que está? Não sei, porque não tenho contato nenhum com meus antigos host parents... Simplesmente não respondem meus e-mails!!

Ahhhhh Chicago, me dá uma saudade e uma pontada no peito, porque quando eu cheguei, no início da primavera, estava um frio horroso e Rosana me emprestou um casaco de couro que tenho até hoje. Era quase dia das mães, eu estava assustada, apreensiva, sem saber o que fazer porque não entendia o que eles me falavam!!

How much I miss my american freakin life!!

Dois anos, e parece que foi ontem que eu falei minhas primeiras palavras nos EUA: Hi, my name is Sara Heck, I'm from Brazil".

domingo, 2 de maio de 2010

Adoooogo

A semana inteira eu fiquei me perguntando se valeria a pena ir na The Week ou não. Primeiro me apeguei ao fato de ser uma balada gay. Aí me disseram que a festa não é gay, e mesmo assim achei impecilho. Ah, mas é muito caro, 30 reais só pra sorrir. Aí me disseram que a cerveja lá dentro é 5 reais... Aí achei o maior dos defeitos, a festa era na Lapa, longe de casa. Pensei que tinha tirado a sorte grande, assim não precisaria ir, já que não tinha como ir nem voltar. Não demonstraria falta de interesse e sim tentativa de sair. Infelizmente não funcionou também, minha mãe me emprestou o carro... Here we go!

A festa foi, no mínimo, incrível. Foi incrível. O lugar é maravilhoso, as pistas largas e bem distribuídas. A iluminação de decoração dignas de um stand na Casa Cor. Imensamente bonita. As músicas eram aquelas que gostamos de ouvir enquanto caminhamos, mas com batidas hip hops e outras tecnologias que faziam das músicas mais ermas próprias techneras. As pessoas eram bem heterogêneas, muitos gays, muitas lelés, mas muitos heteros também. Era festa de ator, então já viu. O pessoal do trabalho estava muito bem representado e nós todos estávamos muito animados. Adorei sair com eles. Tive que ir embora cedo, mas mesmo assim cheguei em casa ás 4h00.

Dormi e acordei com aquela dorzinha de cabeça. Tomei aspirina e fui para o churrasco do Maso, Martina, Renata, Carmona e mais um que eu não sei quem é. Meu Deus, foi um dos melhores churrascos do prédio, ever. Não sei o que foi, se a grande quantidade de pessoas diferentes, se as dezenas de litros de vodca, Busca Vida, Nega Fulô, Canelinha e cerveja. Não sei se foi a presença da minha família em peso, da minha mãe, minha tia, meus primos, meu irmão. Se foram as músicas nostalgicas que cantamos bêbadas, ou se foi a minha conversa com Mexicano, pela primeira vez na vida. Só sei que foi demais de bom...

Domingo eu acordei de ressaca de novo mas com desejo de comida mexicana (he he he), fui no restaurante, comprei Burritos, Nachos e Guacamole, comi e agora estou confortável na minha cama assistindo The Big Bang Theory.

Foi, indubitavelmente, um final de semana incrível!!