segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pô-valeu brother

Meu carnaval foi uma experiência única. Fui solteira (o que é raríssimo), apenas com uma amiga que conhecia, em uma casa cheia de casais. A cidade era Ibirá, fica grudada como São José do Rio Preto e por isso 90% da população do carnaval era de lá... Fomos, eu e minha friend para o meio da muvuca.

Fizemos amizade com Zebrinha, o super dono do bar mais barato do mundo (duas doses caprichadas de vodka e uma sprite por R$ 5,00)... MA-GA-VI-LHA!!

We drunk, drunk, drunk e minha amiga queimou a largada sábado. Domingo foi a minha vez, no meio de tantos abraços e conhecendo pessoas novas, senti que tinha bebido demais da conta e acabei indo pra pri... Durmi, acordei no dia seguinte pior, passei 5 horas de puro refluxo e resolvi ir pra Santa Casa de Ibirá. O médico, Doctor Maaaaaaaaaaaarzo, me disse que não tinha sido a bebida que me tinha baqueado e sim a água que estava bichada..

Pensem comigo, eu estou em uma cidade chamada Termas de Ibirá, logo, a água é mineral dos termas, e logo, eu poderia beber direto da torneira. O fiz e ferrei-me.

Na noite da Santa Casa já estava melhor e arrisquei mais umas bebidinhas, nada aconteceu.... Nos outros dias eu estava zerada e o pessoal da casa estava passando mal... Quem mandou ninguém querer ver Dr. Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarzo??

Não aguentava mais ouvir Rebolachion-chion-chion... Mas ouvi e dancei todas as vezes, WTF ser brega no Carnaval??? Gostei de um outro cidadão que ela uma graça, apelidei-o de braçudinho porque tinha uns belos bíceps (apesar de isso não me afetar tanto)...Olhei, ele olhou, olhei, ele olhou...e nada!!

No dia seguinte, a mesma ladainha...Parecia até séc XVIII, só faltou a máscara do baile!! Em uma de nossas investidas ao Zebrinha, conhecemos uma menina no banheiro, Paloooooma, e ficamos amiga dela e de outro anexo, Letícia. Como eram de São José, conheciam algumas pessoas e isso foi bom para aumentar nosso raio de atuação.

Dia seguinte, encontramos todas elas e fomos pro rebolachion-chion-chion. Lá, de canto como quem não quer nada além de pagar de gatinho, estava o braçudinho. Dessa vez de boné branco (cada dia um boné). Eu tinha comentado, momentos antes com as novas amigas, que eu queria um braçudinho e que eu ia atrás dele.... Elas riram, mas não sabiam quem era.

Até que eu o vi e apontei, disse "Olha lá meninas, o braçudinhooooooo"...

Pausa para o momento tenso a seguir...


- Olha lá meninas, o braçudinhooooooooo.. - disse Sara
- Ele é o braçudinho? - perguntou Letícia
- Sim!!!
- KKKKKKK... - Você não sabe...
- O quê? Você conhece ele? - feliz perguntou
- Sim, é meu ex-namorado...

WTF! WTF!WTF!WTF!WTF!


Depois de quase morrer de vergonha eu parei o assunto. Apesar de ainda achar ele um pedaço de braçudinho!! Tanto é que depois de ouvir toda a história da vida dele (ela era amiga dele e não tinha mais nada) eu cheguei pra falar com ele. Mas com a abordagem errada:

- Oi Juliano, tudo bom?
Ele me olhou com uma cara de "te conheço" e "como você sabe meu nome"?
- Eu sei que você é de São José do Rio Preto, sei que você namorou a Letícia e que acabou de sair de um outro relacionamento. Eu só queria saber se você estava bem, porque qualquer coisa você pode conversar comigo!!

Claro que ele se assustou, claro que ele sutilmente disfarçou (saiu correndo pra ser exata), e claro que virou piada depois.

E não posso deixar de contar da minha peripécia Lesbiana (não o fato de eu ter sido perseguida por uma...), minha amiga estava com os olhinhos marejados de desespero ao chegar um rapaz nem um pouco apeissoado. Ela me olhou, e como o moço era pequeno (e eu não !! hua hua), abracei minha amiga e disse:

- De boa amigo, ela tá comigo, blz?
- O quê?
- Brother, não me provoque... Ela é minha mina e você sai andando..

Ele me olhou nos olhos, chegou perto de mim, deu um soquinho daqueles de motivação no meu ombro e disse: - Pô, valeu brother!!!

E assim eu simplifico meu Carnaval...



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mixture!

A prisão para aqueles que cometeram crimes hediondos é simples. Uma caixa de concreto, de 4 metros por 4 metros, com grades espaçadas. A sensação é a de que qualquer pessoa consegue passar pelas grades, só que elas estão envoltas à uma membrana de acrílico, totalmente transparente. Qualquer tentativa de fuga é sem sucesso, uma vez que quanto mais forte bater na proteção, mais forte volta a força e o prisioneiro cai, e sério.

A comida é trazida apenas 1 vez por dia, em uma porção média que o criminoso tem que saber dosar para durar um dia inteiro. Líquidos são trazidos em baldes que outrora fora usado como cumbuca. A cor, nem sujo nem limpo, estranha, colorida.

Quanto mais tempo permanecer preso, mais contaminado vai ficando. Dentro da água que és obrigado a beber e da comida, estão implantados DNA de diversas espécies. É um experimento grande, ficcional, mas muito perverso.

O prisioneiro vai ficando cada vez mais miúdo, mais sem vida, mais sem força. Vai diminuindo e se tornando apenas um bicho estranho, feio, daqueles que qualquer um mata ao encontrar no chão. A cela vira uma selva de pedra, de pedra mesmo, tornando-se o novo habitat daquele inseto grotesco. Mil vezes pior do que a barata e o caixeiro viajante de Kafka.

Simplesmente grotesco!

Assim estava o pai de minha amiga, acusado de homicídio doloso, erroneamente (dizia Fernanda, filha adorada). Quando o encontramos ele era apenas um bicho cinza, sem graça e feio. Mas com o passar das conversas tornou-se um ser azul e verde, mais pegajoso e melado. Cresceu, não havia dúvidas, mas cresceu feio.

Debatia-se contra a proteção de acrílico e sujava com sua meleca toda a extensão da cela que já não era mais de pedra, agora era mato. Não sabíamos se era uma reação ao ver sua filha normal, humana e adulta ou de que essa mesma filha trouxera outra humana-normal-adulta para odiá-lo.

E Fernanda chorava baixinho, soluçando discretamente. De sua boca ouvíamos as palavras "meu pai...meu pai". Percebi que não era lugar pra mim, e decidi pegar meu carro em frente a cadeia. Que era perturbantemente perto demais da casa onde a família de Fernanda vivia.

Meu carro estava estacionado, preferi pegar outro, um mais luxuoso, mais classic. Era um Audi, que não era meu, mas suas portas se abriram como se eu sempre tivesse sido dona dele, como se tivesse vida própria. Era automático.

Dei uma volta, senti a potência do motor a cada vez que pisava um pouco no acelerador. Uau, que sensação.

E a imagem do pai de Fernanda não saía de minha cabeça, como se tivesse me contaminado. Ele azul e verde, grotesco, pegajoso, nojento.

Batí, não uma super batida, simplesmente encontei em um poste a dona do carro apareceu, e brigou e me xingou. Não tinha acontecido nada com o carro, mas isso não era importante.

Saí e decidi pegar meu corsa azul, dei a partida e saí. Passei pela praça, pela rua do colégio, da cadeia, da casa da Fernanda e me vi voando pelos asfaltos, luzes e faróis do bairro da Saúde!

A manhã foi totalmente diferente!