Essa foi a pergunta que me fizeram numa entrevista de emprego hoje. Qual era minha transcendência. Eu esperava perguntas de cunho religioso, por se uma instituição católica bem conservadora, mas nunca uma pergunta em tais termos. Me pegou tanto de surpresa que levei alguns momentos pra recapitular, e chegando a conclusão nenhuma fiz a tão famosa e que deveria-ser-evitada-em-uma-entrevista-de-emprego pergunta: Quê?
Após a tão bondosa irmã da congregação me explicar em palavras mais simples, ela só queria saber qual era a minha relação com Deus.
Como boa católica de criação casa-escola que sou, disse tudo que me vinha à mente em relação à força maior. Claro, ocultei alguns pensamentos impuros aos olhos dos jesuítas. Falei da minha experiência em viver em um ambiente sem crença nenhuma (vivida nos States) e de como isso me afetou. Ainda lancei o fui batizada, comungada, só ainda não crismei, AINDA (sem a menor intenção de fazê-lo sinceramente). Tive que puxar o saco um poco de MC Jesus. Enfim, falei, falei e não disse nada. Na verdade não transcendi....
Mas acho que toda a minha enrolação fez bem aos ouvidos da dona Nun. Ela me abraçou no final, um abraço daqueles bem doces e aconchegantes..
Depois da pergunta relevante-para-a-vaga da Nun, veio o poderoso chefão fazer a entrevista comigo. Muito simpático, cheio de sorrisos. Entrou na sala com uma pergunta: Você é a Marcela? / Não, eu sou a Sara! / Oh, desculpa o deslize, Sara Heck certo? / Isso... (cara de tacho)...
Bom, tinham me colocado numa sala daquelas imensas com mesa longa e muitas cadeiras. Me senti como se estavam a me condenar.... Foi estranho desde o começo...
Depois que o senhor reitor sentou na minha frente, me fez a segunda pergunta mais estranha numa entrevista de emprego: Quem é a Sara? / Como assim? / Quem é a Sara? / Profissional ou pessoal? - e no mesmo tom acolhedor / Quem é a Sara?
Poutz, outra pergunta imbecil. Quem sou eu?? Porra, eu sou a Sara...Tenho 21 anos, sou estudante de jornalismo, etc, etc, etc.. / Eu sei, mas quem é a Sara? / Ah, eu sou comunicativa, gosto de estar rodeada e de ouvir o que as pessoas tem a dizer, gosto de dançar, amo salsa, adoro ler e escrever, etc, etc etc. / Quem é a Sara? - novamente / Hum, eu nasci em Salvador mas vim pra cá muito criança, cresci em colégio católico, meus pais são divorciados, moro com minha mãe, minha vó, meu irmão.... / Tá, e o que mais? - por um segundo achei que ele ia perguntar "quem era a Sara" / Eu moro aqui perto......estudo em São Bernardo....morava no Ipiranga, etc, etc, etc...
Ele olhou pra mim como Justus quando está para demitir alguém, mas ao contrário sorriu. Perguntou: Qual o seu maior trunfo? / hum....???? / Eu sei que não há só um, isso seria rebaixar você sem nem te conhecer, mas o que você acha que as pessoas admiram em você? - outra pergunta medíocre. / Ah, eu acho que a atenção que eu dou a elas, independente do meu grau de intimidade, é uma coisa que as fazem sentir bem. Sinceramente não sei o que as pessoas pensam de mim, mas sei que não tenho inimigos ou pessoas que não me suportam.. Acho que tenho até mais amigos do que posso controlar, mas sim, acho que a atenção que dou a eles / Huuum!!!
Obrigado Sara pela conversa, telefonamos até no máximo seguda feira com uma resposta final..
Ele levantou da cadeira de cabeceira, apertou minhas mãos e saiu. Eu fui logo atrás, desnorteada. Enquanto caminhava até o metrô uma pergunta gritava na minha cabeça : Quem é a Sara??
Pois é, quem sou eu?
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Um comentário:
CAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARA, PROCURE EMPREGOS EM LUGARES NORMAIS!
Hhahahaha, religiosos são complexos, eu tenho sérios problemas em definir minha religiosidade quase inexistente. Só sei que se me perguntar "Quem é Daniel?" e "Quem é Braz?" as respostas seriam COM-PLE-TA-MEN-TE diferentes...
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