terça-feira, 24 de março de 2009

Seminário Mídia e Violência - Part I

Eram 8 horas em ponto quando eu adentrei no edifício Beta para o seminário. Desesperada por achar que estava atrasada, larguei o carro no estaciomanto mais caro e fui correndo, suando, pra tentar achar um lugar que fosse, no mínimo, visível.. Claro, quando cheguei não tinha quase ninguém, e o que era pra ter começado às 8 da matina começou por volta de 9 e 30. Enfim...

No começo vieram as apresentações, estavam lá todos os anunciados no panfleto (pensei eu), Michel Labrecque - Jornalista de rádio do Canadá; Steven Salisbury - free lancer do New York Times e do Wall Street Journal; e uma cadeira vazia que foi ocupada por Jorge Tarquini - Facom/Metodista. E cadê Caco Barcellos??

Pois é, claro, que a arrogância chegou um pouco atrasado. Na verdade já tinham começado as palestras quando ele resolveu descer a rampa feito estrelinha. 

As palestras foram sim muito interessantes, e eu não me arrependo de ter vindo de manhã. O problema é que os gringos pegaram ou muito pesado ou muito leve. 

Michel Labrecque: Canadense, foi super atencioso, falou um pouco em português, pediu desculpas por ler o discurso em inglês (alegando não ser sua língua nativa) e falou sobre violência no Canadá. Lançou pérolas do tipo "Em dois anos tivemos um número 'x' de homicídio (menor que 10), mas Canadá também é um país violento" .... "Claro, não é igual aqui, uma mulher pode caminhar tranquilamente às duas da madrugada sem temer nada"....."A violência do Brasil é muito frequente (dã)". Em contrapartida, falou que o que se é vendido jornalisticamente do Brasil, nos outros paíse, é essa imagem de violência corrente, que conversou com MV Bill e ficou impressionado quando o músico falou que nada de bom era televisionado, que a vida na favela não era só morte e tiro. Ele disse "I'd like to talk about good thing that make this country advanced". 

Labrecque fez uma comparação entre as classes sociais ricas e pobres. Disse que a Indía tem essa mesma diferença enooooooooorme mas que a religião lá faz com que esse "GAP" não seja tão latente. Por isso devemos saber o que podemos ou o que não podemos fazer em determinados países, temos que aprender com a cultura local.

Cantou a bola do Canadá alegando que o país tem controle de armas, baixo índice de corrupção, mas que não pode fingir que não há tráfico de drogas ou gangues.  Ainda fez uma pergunta retórica: "Are we a dangerous country?"......"Statistically we are not!!".

Disse que o jornalismo não cobre o que realmente importa, que há muito sensacionalismo por aí. E completou dizendo que já houve casos no Canadá onde jornalistas tiveram problemas por estarem cobrindo violência. 

Ou seja, toda hora ele comparava Brasil com Canadá, e resumindo ele quis dizer que o Canadá também é violento, mas que muito menos que o Brasil....


Caco Barcellos: Começou falando dos índices de violência do país, falou que os números nunca são revelados completamente. Disse que os casos considerados pena de morte ilegal não entram nas estatísticas, e que os "bandidos" só cometem 5% dos homicídios no país.

Só no Brasil, o BOPE matou 1350 jovens pobres no Rio no ano de 2008, 2 vezes mais do que toda a época da ditadura junta. Quem morre na favela não entra como números de mortes. A Secretaria Pública do Rio de Janeiro revelou que 40% das morte equivalem à pena de morte ilegal (geralmente feitos pela polícia e o Estado). Falou que os outros 75% são mortes por razões torpes como briga no trânsito, crimes passionais, brigas de torcida e etc.

Em sua opinião, os brancos são muito mais violentos que os negros. Eles são a maioria. Lançou um desafio pra galera, perguntou se alguém conhecia um branco, rico, bem sucedido e corrupto que foi morto por bandidos. 

O interessante é que ele foi foda. Ele falou tudo que queríamos ouvir e sabíamos. Mas nunca largou sua arrogância. Teve momentos que o microfone teve interferência, e depois de muito deixar pra lá resolveram trocar. Antes da troca ele fez questão de falar "Deve ser porque eu não estou acostumado com microfone"...=/ 

Steven Salisbury: O americano era um fofo, fez piadas e tentou falar português. Esperávamos coisas maravilhosas dele, mas seu inglês corrido (ele vomitava cada palavra), e seu tom de voz macio fez com que metade do auditório caísse em sono profundo. Ele trabalhou durante 5 anos (se não me engano) na Colômbia, cobriu as Farcs e tudo mais. Mostrou 7567598379 mil slides dele junto com os guerrilheiros. Ensinou que nem sempre os líderes são fontes valiosas, você pode tirar toda a informação que precisa perguntado para moradores, companheiros e militares. Falou que "People are People" e que não interessa quem ou quais cargos ocupem gostam de ser tratados como pessoas normais. Pisou forte quando disse que devemos ir atrás de meios de nos comunicarmos, que não devemos ter receio ou medo. Você tem que tentar cobrir todos os grupos. Tem que fazer parte da história.

Contou casos em que, por ser jovem, não pensou no perigo e foi atrás da notícia, que hoje provavelmente seria diferente. Contou quando apontaram uma arma da cabeça dele, dois meninos de 15 anos, e descutiram entre si se era melhor matá-lo ou deixá-lo escrever uma matéria e fazê-los famosos. Disse que precisamos pensar em todos os riscos e sermos cautelosos.

Ensinou que sempre devemos ter provas concretas de que estivemos lá, ele tirou foto com toda a guerrilha pra provar que estava realmente lá. E falou "You have to show charisma" e que sempre deve se manter próxima da unidade de trabalho por segurança.


Agora estou a caminho dos seminários da tarde..

Sara Heck, para o Blog Quando Casar.

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